Entre a Cruz e a Espada




Entre porcos e ratos, nem eu sei o que faço aqui
Tentando dar personalidade aos gado
Que cês num tá nem ligado, ó meu
Mas sinceramente quase já me convenceu que errado sou eu

Ganho as hienas ao redor da mesa sob a trilha que apologia
Fantasia, orgia, sem nada pra se preocupar
A não ser com as nave e as vagabunda
Quase nem me faz lembrar ó, que lá em casa tem duas
Me esperando chegar pra ver o exemplo
Perdoa filha, mas o papai também não conseguiu ser perfeito
Que qui cê tá fazendo aqui tiozinho, volta pra casa
Que quando não tiver ninguém lá vai ver como faz falta
Alguém me dá uma luz, me mostra um sentido
Já não consigo entender nem o que sinto
Talvez certo seja o zé povinho, ou invejoso
Que no recalque diz que sábias frase não enriquece o bolso
E que tão farto de desgraça então não tem sentido memo
Se o rap não muda nada e só alimenta a dor do peito
É quente memo, poê um som pra distrair, pra dançar
Porque hoje é sexta-feira louca e nós vamos chapa
Mas quando volta pra casa infelizmente
O Reinaldo não toca mais, mas o cenário ainda é deprimente
Também queria esquecer de forma definitiva
Que dei mais valor pros tru na rua que pra minha família
Que chamei de irmão quem mais tarde me traiu com um sorriso
Enquanto meu irmão sozinho planejava o suicídio
Minha irmã grávida do segundo sem estudo e moradia
Que nem eu quando firmei com a mãe das minhas filha

If tomorrow never comes and I don’t see you again
And I just want you tô know that my loving has no end
If tomorrow never comes and I just fade away
And remember this one thing that I love you today

Como se fosse ontem ainda lembro ó jão eu mulekao
Alucinado a milhão nos show tiozão
Minha coleção de rap, fita cassete gravada
Como uma especie de convocação pra guerra ó parça
Mas vira a página que o tempo não para
As lembrança atrasa, saudade mata
E o que se foi nada apaga
As bala vem de todo lado eu tô ligado que a plateia
Traz vários recalcado louco pra causar a queda
Demoro tamo aqui monstro força então caminha
Que se tiver que ser pela verdade cuidem das minhas filha
O que me pôs aqui foi perdas, o intimo com lodo
Independente de aplauso de quanto que vem pro bolso
Conheço o cheiro do esgoto, do gás lacrimogêneo
A imagem do corpo morto com o sangue grosso escorrendo
Em noite de Natal com a tia em desespero, nervoso
Tentando ressuscitar o filho nos grito, cê é louco
Existe inferno pior que esse ainda memo?
Sinceramente as vezes penso que morrer até dói menos
Com a sensação de impotência perante as lágrimas
Quando palavras não compensa, só da um abraço e mais nada
Aos oito ou sete moleque, esfregando a pele no banho
Na ingenuidade um pivete tentando ficar mais branco
No conforto dos braços negros da minha mãe
Vai vendo, o que a sociedade faz com nós desde pequeno
Entre propaganda, ídolos forjado, cruz
Onde até um Cristo africano é branco de olho azul
Pode até destrancar a cela, abaixar os rifle
Quero ver cês conseguir fazer nós se sentir mais livre

If tomorrow never comes and I don’t see you again
And I just want you tô know that my loving has no end
If tomorrow never comes and I just fade away
And remember this one thing that I love you today

Ai independente do Deus que te ampara na escuridão
Independente da sua crença ou religião
Que o Sol da manhã que descreve um nova chance pra tentar
Venha confortar seu coração irmão
Um salve geral, essa aqui fica pra vocês
Meus irmãos, minha família
Que se o amanhã não chegar
Palavras tentam descrever meus sentimentos de gratidão
Obrigado família
Obrigado rap nacional, por fazer de mim o Reinaldo A286