Juntando Os Restos




O que vocês querem mais de mim
O que vocês querem mais?
Ainda bem que nunca acreditei em paz
Pra não morrer antes do tempo, ó
É difícil mas é preciso sempre esperar o pior
De todos, de tudo, o que vim é lucro, que absurdo
Não é justo, pensando bem, o que aqui é justo?
Só quero conseguir entender o bagulho com lógica
Sem precisar ter que engolir qualquer grosa
Enterrei a minha mãe com um só pedido a Deus
Viver até pode criar seus filhos, num deu
Enfim a rua criou, tô aqui
Se o limite era os vinte e cinco, mano, sobrevivi
Entre cachaça, fumaça, biqueira, puteiro
Cocaína, pedra de crack, ileso
Sem ao menos um trago num cigarro
Careta na banca dos loko sim
Mas sem mérito pra aplauso
Dispensa comentários e elogio
Se ainda há impotente
Presencio vários trancados em vícios
Não é comemoração de títulos, é perdas
De sexta a sexta, na mesa do bar com as brejas
Melhor presente do meu pai foi o abandono
Pra solidão de um quarto me fazer homem aos 14 anos
Cheio de planos e sonhos, negativo!
Cheio de mágoas, rancores, conflitos, perdido
Identificando falsos sorrisos, caramba
Inveja, em quem depositei mais confiança
Testemunhando os meus se matando por fama
Por grana, piranhas, desprezando quem mais te ama

Cercado de frustração, olhares sem definição
Complementam a dor da paisagem
Amontoados em pequenos lares, inativos
Compartilham raiva, sonhos perdidos
Nasci em meio isso um acidente como sempre
Até quando vamos iniciar a vida de trás pra frente?
Sem planejamento, casamento, desunido
Alcoolismo, gravidez precoce, droga, conformismo
Comodismo epidêmico, que exala feito praga
E como um genocídio mata em massa
Afogados em lágrimas, como sonhar com paz
Se a primeira guerra que conhecemos é entre nossos pais?
Não fui criado com festas tradicionais
Nem sei quando que é dia das mães, dia dos pais
Faz tempo que parentesco sanguíneo, não
É símbolo de união, é de inveja, de traição
Ganhar a humanidade com olho crítico
Não existe amor a Deus, só temor ao castigo
Crenças por recompensas materiais
Onde o amor é consequência do bolso portando reais
O que mais me mata nessa porra é a certeza
De que por mais cristos que crucifique, não mudam cabeças
Espíritos competitivos em combates constante
Alimentando o ego com poder insignificante
Ofuscando a riqueza que há
Como do momento do seu pivete aprendendo a falar
Quantos corpos mais temos que velar em silêncio
Pra entender que o que temos mais de valor é o tempo?

Que temos mais de valor é o tempo!
Que temos mais de valor é o tempo!
Não espera a ausência das pessoas revelarem seus verdadeiros valores não
Prefira justiça antes do perdão
Para que não seja preciso perdoa e ser perdoado, tiozão